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CAMPO & CIDADE

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  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

TROPICALIDADE DAS PALMEIRAS - Onévio Zabot

A Revista Natureza - Jardinagem e Paisagismo- edição de 395 -, surpreende: discorre sobre palmeiras. Louvor a paisagem... É tropical, é pop! Sugestiva provocação, pois as palmeiras são o símbolo vivo da tropicalidade. Elegantes, enobrecem a paisagem. Agrupadas, ou dispersas - pérolas raras -, encantam. As folhas rendilhadas, adaptaram-na ao ambiente. Berço de brisas suaves. Dançarinas das horas. Resistir à fúria de tornados e furações, quanta ousadia! Monocaule ou multicaule. Pouco importa. Pindorama, assim os indígenas denominavam o território brasileiro e terras vizinhas onde sobressaiam as palmeiras. Berço dos povos guaranis.

A matéria publicada não se limita apenas ao paisagismo, mas também aborda aspectos associados à gastronomia - regionalidades -, e como fonte de matéria prima. Elenca atributos, particularidades. Arrola espécies: palmeira-de-saia, garrafa, gerivá, óvea, açaí, talipot, diamante, tamareira, sabal-da-flórida, japonesa, dendê, buriti, patizeiro, imperial, leque-mexicana, areca-dourada, licuala-mapu, metálica, rápis, asterogine, leque, bambu, pinanga-de-coroa, xandó, licuri, europeia-anã, butiazeiro, tucum, buritirana. E há as espinhosas: macaúba, tucum e astrocaryum. A última presente em Garuva.

Não podemos negligenciar a elegância da palmeira juçara, típica da Mata Atlântica. Euterpe edulis Mart. Euterpe deusa grega da música e edulis, alimento. Denominação atribuída a Carl Von Martius, notável botânico alemão que incursionou por terras brasileiras no século XIX.

Segundo consta as primeiras palmeiras surgiram a 90 milhões de anos no tempo dos dinossauros.No mundo há cerca 230 gêneros e 2.600 espécies. No Brasil, 42 gêneros e 438 espécies. Em Santa Catarina, 8 gêneros e 11 espécies nativas. Pouco estudadas e conhecidas escondem um tesouro seja do ponto de vista alimentar, ou como fonte matéria-prima: ripas, fibras, celulose, isotônicos, óleos, essências medicinais e nutracêuticas.Os indígenas, proviam-se desses benefícios, com destaque para construção de ocas, e confecção de redes e artesanato. E aproveitamento dos frutos. 


Curiosidades sobre palmeiras: a Raphis regale possui a folha longa, pode atingir até 25 metros de comprimento. E a palmeira-talipot floresce apenas uma vez, em torno dos vinte anos. A florada, no entanto, é simplesmente espetacular. Plumas, cachopas vistosas ao alto... véu exibindo-se. Alouradas. Noivado de princesa.

Exemplares como a palmeira imperial, tronco irregular - parte do estipe afinado, outras mais viçosas, revelam o efeito do clima e da nutrição sobre a planta. Em época chuva, responde, amplia o diâmetro. Na estiagem se contrai. Belo arranjo paisagístico. Fala mais alto a sobrevivência.

Quanto à reprodução: temos espécies de autofecundação - e também aquelas que demandam cruzamento na mesma planta, ou cruzado, caso da palmeira juçara. E também plantas femininas e masculinas - pés distintos - caso da palmeira azul.

Adaptadas aos mais diversos ambientes oferecem um leque de opções ao paisagista: exterior, interior e à meia sombra. Além da folha, em leque, pinada ou flabelada, o tronco (estipe) se insere neste cenário. A estipe da palmeira-saia, por exemplo, de efeito ornamental apoteótico. Evoca oásis. Deserto.

Via de regra, não se recomenda plantar palmeiras isoladas, mais sim em renques ou agrupadas. E ressalte-se: sempre atentar para o porte, quando adulta, fator que decisivo na escolha... Coadunar espaço e ambiente, seja no pátio, parque ou praça, eis o desafio.

"Minha terra de palmeiras, onde canta o sabiá/, As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá". Palmeiras e sabiás, combinação mais do que perfeita, clássico de Gonçalves Dias.

           O privilégio: contempla-las na sua imponência, na sua elegância e majestade. Pindorama terra das palmeiras, de belas paisagens, de gente faceira. Tropicalidade.

            Igual aos lírios do campo cantados e prosa e verso, ao contempla-las gorjeiam não apenas as aves, mas toda a mãe-natureza.

                                                                                         Joinville, 02 de março de 2021


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